Goa: "Leituras Camonianas” – Recital de poemas de Camões pelo ator Manuel Wiborg
Descrição
O ator português Manuel Wiborg estará em Goa, de 12 a 16 de outubro de 2022, a convite do Camões - Centro de Língua Portuguesa em Pangim e da Delegação da Fundação do Oriente, para ler alguns dos mais conhecidos poemas de Luís Vaz de Camões em dois recitais, que terão lugar nos dias 13 e 15 de outubro, no Colégio Chowgule em Margão e nos jardins da Fundação Oriente, nas Fontaínhas, respetivamente. Esta iniciativa, apoiada pelo Camões, I.P., é a primeira de um conjunto de ações projetadas em torno da figura de Luís Vaz de Camões.
O ano de 2022 constitui uma importante efeméride, pois foi precisamente há 450 anos que "Os Lusíadas" foram pela primeira vez publicados. A primeira e, verdadeiramente, única epopeia da literatura portuguesa celebra a primeira viagem de Vasco da Gama à Índia e foi, seguramente, projetada e em grande parte escrita em Goa e no Oriente.
Nascido por volta de 1524 ou 1525, ou seja, há quase quinhentos anos, Camões, poeta da corte, soldado, aventureiro, ainda que pouco ou nada tenha registado sobre as suas vivências em Goa, aproveitou as condições naturais e culturais que este espaço oriental lhe proporcionou, durante quase catorze anos, para se inspirar na produção dos seus inigualáveis versos líricos e cantos épicos, transfigurando modelos e cânones clássicos e renascentistas. Se das primeiras impressões à chegada a Goa, reveladas em carta enviada para o reino, ressalta um profundo desencanto pela natureza humana que ali encontrou, logo se deixa fascinar pela beleza singular de uma escrava de quem bebe o “mágico veneno” do amor, e venera mais do que qualquer Laura ou Beatriz renascentistas.
Em 1556 é representada em Goa a sua peça “Auto do Filomeno”. Pouco antes do seu regresso à Metrópole, profundamente desiludido e angustiado, Camões, numa notória relação intertextual com o soneto “Cá nesta Babilónia donde mana”, compõe em Goa as famosas redondilhas “Sôbolos rios que vão”, inspiradas no Salmo bíblico 137 “Super Flumina Babylonia”. Os versos refletem uma visão amargurada do poeta face à decadência de um presente que o conduz a uma profunda introspeção filosófica e espiritual e à memória saudosa de um passado, marcado pela virtude e felicidade então já perdidas.
O génio de Camões e a atualidade dos seus pensamentos encontram-se plasmados essencialmente na sua poesia lírica, quer na forma tradicional das redondilhas ou das trovas, quer através da medida nova dos seus decassílabos.