Um largo conjunto de recomendações para reforçar a presença da língua portuguesa na internet saiu do colóquio organizado de 23 a 26 de abril pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) em Fortaleza, Redenção e Guaramiranga, no estado brasileiro do Ceará.
Na reunião, com o título ‘A Língua Portuguesa na Internet e no Mundo Digital’, participaram especialistas de Angola, Brasil, Portugal, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos e República Dominicana, entre os quais um representante do Instituto Camões, Rui Vaz, que apresentou uma comunicação sobre o Centro Virtual Camões (CVC).
As conclusões do colóquio constam de um documento intitulado ‘Carta de Guaramiranga’ que, depois de identificar uma série de questões relativas à presença da língua portuguesa na internet e ao potencial aí existente, elenca recomendações concretas ao IILP, instituição que funciona no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
A declaração assume ser «necessário manter e ampliar a vitalidade da língua portuguesa na Internet, no mundo digital e na sociedade do conhecimento em geral». A Internet, diz, «pode proporcionar acesso ao conhecimento e a oportunidades de aprendizagem e formação». Já a «revolução tecnológica estimula a criação de novos conteúdos, novas metodologias e padrões relacionados com a busca e avaliação de informação, formação do público leitor e intercâmbio do conhecimento».
Os suportes digitais – através da Internet em particular – são vistos pelos participantes do colóquio como «um meio menos oneroso da publicação e disseminação de conhecimento», mas a declaração alerta para o facto de que, embora o português seja, atualmente, «a quinta língua com mais utilizadores da Internet», «tem um índice de produtividade (número de produtores de conteúdos por falante) inferior ao das outras línguas mais usadas».
A Internet, defendem, «pode funcionar como espaço de confluência para a língua portuguesa, atenuando os efeitos da dispersão geográfica dos países que a adotaram como língua oficial».
O documento, que advoga assim o desenvolvimento de «novos e mais aprofundados estudos sobre a presença do português na Internet, no âmbito de um observatório específico», recomenda o estímulo a «projetos internacionais de partilha de informação» e a criação de «um grupo de trabalho no IILP para identificar e estudar os projetos e portais de publicação de acervos» de instituições culturais e científicas diversas, de forma a «propor padrões e metadados comuns que proporcionem maior interoperabilidade internacional dos acervos e catálogos da língua portuguesa».
O tema da interoperabilidade está aliás presente também nos considerandos do documento de três páginas, quando se lamenta que as plataformas que alojam diversas iniciativas – educativas e de difusão de ciência em português – não estejam ligadas e nem sempre permitam a interoperabilidade, «ocasionando redundância e elevação de custos da criação de recursos».