José Soares Martins, conhecido como o historiador José Capela, que foi também jornalista e Adido Cultural na Embaixada de Portugal em Moçambique, morreu no dia 14 de setembro de 2014 no Instituto de Oncologia do Porto, em Portugal, vítima de doença prolongada.
O funeral realizou-se no passado dia 15, no Porto e os seus restos mortais repousarão em São João da Madeira, sua terra natal.
Nascido a 25 de março de 1932 em Arrifana, Vila da Feira, José Soares Martins termina o curso de Teologia no Porto em 1954 e parte para Moçambique em 1956.
Trabalhou primeiro como chefe de redação do Diário de Moçambique (Beira) e, em 1959, foi nomeado diretor-adjunto do mesmo jornal. Soares Martins rapidamente se tornou um dos maiores dinamizadores da imprensa publicada em Moçambique, tendo fundado o semanário Voz Africana (Beira, 1962) e a revista Economia de Moçambique (Lourenço Marques, 1963).
Exerceu funções de Adido Cultural na Embaixada de Portugal em Maputo durante largos anos (de 1978 a 1996), mantendo uma intensa atividade enquanto investigador na área da história, que é ainda hoje referência para estudantes e estudiosos. Mais recentemente, já no Porto, foi investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto.
José Capela centrou a sua atenção e pesquisa na questão do tráfico de escravo em Moçambique e na análise das relações sociais desenvolvidas na Província da Zambézia.
Autor de uma vasta bibliografia histórico-social, entre os seus trabalhos mais emblemáticos destaca-se Moçambique pelo seu povo (cartas dos leitores publicadas no Diário de Moçambique), Escravatura, a empresa de saque. O abolicionismo, 1810-1875, Donas, senhores e escravos, O tráfico de escravos nos portos de Moçambique e o volume recente Delfim José de Oliveira. Diário da viagem da colónia militar de Lisboa a Tete, 1859-1860.