Moçambique: A lixeira do Hulene em fotografias no Centro Cultural de Maputo

Publicado em quarta-feira, 17 outubro 2012 14:09

«Partilhar a beleza que a crueldade da vida escondeu...», um verso do poeta moçambicano João Mendes, exprime bem a ideia por detrás da exposição fotográfica que a galeria do Centro Cultural Português/Camões, I.P., em Maputo, Moçambique, acolhe a partir de 18 de outubro e até 20 de novembro.

Há uma estética de e na pobreza. E, aparentemente, nada melhor do que a fotografia para a captar. No caso da exposição intitulada ‘…Na poça de lama como no divino céu também passa a lua…’, esse encontro tem ainda uma outra dimensão, porque os trabalhos apresentados são de «jovens do Bairro de Hulene [em Maputo], que encontram na principal lixeira da cidade a sua fonte se subsistência», diz uma nota do Centro Cultural Português.

Estes jovens são os autores de «reportagens, fotografias criativas, fotografias e poesias, design gráfico e imagens em palavra», realizados no âmbito do «laboratório de fotografia, vídeo e manipulação digital de imagem A Mundzuku Ka Hina, que em changana [uma língua bantu do sul de Moçambique] significa ‘o nosso amanhã’».

A Mundzuku Ka Hina, entidade organizadora da exposição, é um projeto que, desde junho de 2008, tem crescido com o apoio da Associação Basilicata-Moçambique, de Matera (Itália).

Parte da crença de que «qualquer hipótese de desenvolvimento económico, para chegar a bom termo, tem de ser acompanhada por uma evolução cultural e humana que possibilite o acesso a novas linguagens informáticas, a novas formas de comunicação através da imagem e conduza à interação com o resto do mundo».

No laboratório «participam e colaboram, na sua qualidade de mestres, fotógrafos, videomakers e artistas gráficos provenientes de diversas cidades italianas».

A exposição ‘…Na poça de lama como no divino céu também passa a lua…’ contará igualmente com um programa paralelo - a par de visitas guiadas a escolas da cidade de Maputo -, que inclui uma oficina de trabalho de criação fotográfica e duas palestras, uma sobre a micro-economia da lixeira e outra sobre os condicionalismos ecológicos do presente e do futuro relacionados com a área da lixeira.

www.instituto-camoes.org.mz