Montevideu: 9.ª Semana do Cinema Português com Ciclo 25 de Abril

Descrição

De 12 a 18 de maio de 2024, terá lugar em Montevideu, a 9.ª Semana de Cinema Português, na Cinemateca Uruguaia, produzida e programada pela VAIVEM, com o apoio do Camões, I.P., da Embaixada de Portugal em Montevideu, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Cinemateca Portuguesa e do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA).

Fiel ao espírito que caracteriza este evento, a programação deste ano é composta por alguns dos mais estimulantes filmes da atualidade, refletindo a pluralidade de vozes e a efervescente criatividade do cinema português contemporâneo. Este é um ano especial, pois comemora-se o 50.º aniversário do 25 de abril de 1974, dia em que a Revolução dos Cravos pôs fim a quase meio século de ditadura em Portugal e marcou o início de um novo período de abertura democrática e de progressiva descolonização.

Para celebrar este acontecimento, a Semana do Cinema Português tem uma sessão especial de abertura, constituída por um programa de três curtas-metragens documentais realizadas nos anos imediatamente a seguir à revolução: “A luta do povo – alfabetização em Santa Catarina”, do Grupo Zero, “Cravos de Abril”, de Ricardo Costa e “Paredes pintadas da revolução portuguesa”, de António Campos.

Do mesmo modo, ligando o passado ao presente, com o cinema como veículo capaz de reativar tempos e espaços já perdidos, o foco Lisboa no Cinema Português - Antes e Depois é uma panorâmica da história do cinema que tem Lisboa como pano de fundo e que pretende pensar a cidade hoje. Numa edição que dá continuidade à colaboração de longa data com a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, esta secção inclui uma obra central na história do Cinema Novo português ("Os Verdes Anos", de Paulo Rocha, revisitado por João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata em “Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois”), uma joia escondida dos anos sessenta (“Belarmino”, de Fernando Lopes), ensaios documentais que pensam a cidade no cinema “(Lisboa no Cinema, Um Ponto de Vista”, de Manuel Mozos, até à Lisboa do presente que se esbate com a gentrificação (“A Morte de Uma Cidade”, primeira longa-metragem de João Rosas). As ruas, a arquitetura, o som, a luz, as gentes da capital portuguesa numa viagem por um século de transformações.

O foco Pós-Colonialismo, um clássico da programação da Semana do Cinema Português, é composto nesta edição por três longas-metragens que, sob diferentes perspetivas, mostram a relevância e o impacto que o período colonial e as suas consequências ainda têm no presente. “Nação Valente”, a segunda longa-metragem de Carlos Conceição (depois da revelação que foi "Serpentário", a sua longa-metragem de estreia), é o primeiro dos três filmes a ser exibido na edição deste ano. “Manga d'Terra”, o mais recente filme de Basílio da Cunha, que continua a focar e a narrar as margens da periferia da capital portuguesa, e “Rosinha e Outros Bichos do Mato”, um documentário que recupera uma exposição popular dos anos 30 para traçar os vestígios do racismo nas sociedades do passado e do presente.

Finalmente, o foco Panorama, que serve sempre de retrato do estado do cinema português e das suas diferentes expressões, fazendo uma seleção de alguns dos títulos mais sonantes da atualidade, reúne filmes de autores consagrados (“Fogo-Fátuo”, João Pedro Rodrigues); expressões ousadas do cinema experimental (“Super Natural”, Jorge Jácome) e filmes que narram camadas finas e argutas da humanidade (“Légua”, de Filipa Reis e João Miller ou “Cidade Rabat”, de Susana Nobre). Ainda no âmbito desta Semana, será estreado o filme que nos comoveu e comove desde que entrou em cena no último Festival de Cannes, “A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, realizadores que estarão presentes em Montevideu, acompanhando as sessões dos dias 16 e 17 de maio.

Previamente, os realizadores manterão uma conversa com os estudantes de português dos Leitorados do Camões, I.P. e do Instituto Guimarães Rosa na Universidade da República em torno dos processos de filmagem e sua experiência junto de comunidades indígenas brasileiras.

Com o firme compromisso de divulgar o mapa heterogéneo do cinema português, dos seus autores e da sua história, a Semana do Cinema Português regressa ao Uruguai com uma proposta que nos convida a descobrir ou redescobrir uma das cinematografias mais estimulantes da atualidade.