Aquela Biblioteca

Número 142 · 26 de Agosto de 2009 ·  Suplemento do JL n.º 1015, ano XXIX

Patrícia Ferreira já deixou a Roménia no final da sua colocação de três anos como leitora do Instituto Camões (IC) na Universidade de Bucareste. E, ao fazer o balanço, diz que sai com o sentimento do «dever cumprido», ou seja, apressa-se a explicar, com o sentimento de «ter cumprido todos os projectos a que se propôs».

Aquela Biblioteca«Para além das actividades lectivas e das actividades regulares do Centro de Língua Portuguesa/IC (CLP/IC), os projectos mais relevantes dentro do CLP/IC talvez tenham sido a informatização de toda a biblioteca e a criação do sítio do CLP/IC que inclui dois blogues, um dedicado às Novidades e Eventos e o outro dedicado aos Alunos, apresentando-se este último como um espaço para a publicação de textos/reflexões/comentários em língua portuguesa», diz Patrícia Ferreira em jeito de «balanço extremamente positivo» nesta entrevista por e-mail.

Desde Setembro de 2006, leccionou ao lado de quatro professoras romenas no Departamento de Português inserido na Cátedra de Linguística Românica, Línguas e Literaturas Ibero-românicas, da Universidade de Bucareste, onde ministrou Prática da Língua nos vários níveis de ensino (1º, 2º e 3º anos), Didáctica de PLE e (em 2006/07) um Curso Opcional de Linguística Textual. Foi ainda responsável pelo CLP/IC e colaborou com a Secção Cultural da Embaixada de Portugal em Bucareste.

Mas é do CLP/IC, situado na ‘Sala Portugal’ da Faculdade de Línguas e Literaturas Estrangeiras da Universidade de Bucareste, que fala com mais entusiasmo, pondo em destaque os meios técnicos do centro que lhe permitem, por exemplo, organizar ciclos de cinema, e a sua biblioteca de 3.400 livros que se distribuem pelas áreas da Linguística, Literatura Portuguesa, Brasileira e Africana, História e Geografia de Portugal, Cultura Portuguesa, Artes, Crítica Literária, Ciências Sociais e Didáctica; para além de várias revistas científicas e culturais, e cujo catálogo pode ser consultado em linha.

De resto, a lista de actividades realizadas em 2008/2009 mostra bem o que é a vida de um leitor: organizar encontros, seminários, cursos, ciclos, conferências, espectáculos e ainda acolher escritores, como aconteceu quando António Lobo Antunes visitou Bucareste este ano.

Hesita em responder à pergunta sobre a ideia que, na percepção dela, os romenos têm dos portugueses, mas sempre vai dizendo que «no geral, os romenos consideram os portugueses um povo hospitaleiro e disponível para com os outros». «Somos vistos como um povo corajoso e aventureiro, por causa do nosso passado histórico, mas também tristes e melancólicos, aspectos que se espelham na sonoridade do Fado (penso que, deste ponto de vista, estas ideias não divergem muito da opinião que outros povos têm de nós)», diz.

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