Decorreu no dia 24 de julho de 2017, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o 2.º Encontro de Professores do Ensino de Português no Estrangeiro sob o lema “Aprender e Ensinar Português em Contextos Multilingues”, organizado pelo Camões, I.P.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu, na sessão de abertura, que a ligação das comunidades portuguesas à sua língua e cultura “é complementar” à boa integração nas sociedades de acolhimento e representa “uma competência adicional” a nível de comunicação e emprego.
“É muito importante fazer sempre a pedagogia de que o elo de ligação a Portugal, que o domínio da língua, da história, da cultura de Portugal representa, não é alternativo à integração bem-sucedida nas sociedades de acolhimento, é complementar”, sustentou Augusto Santos Silva. Além disso, afirmou, “o bom domínio da língua portuguesa, da cultura e da história portuguesas” não se podem restringir apenas a uma “espécie de dever pessoal de ligação a um passado”.
Na sua intervenção perante coordenadores, professores e leitores da rede externa do Camões, I.P., o chefe da diplomacia portuguesa destacou “três dimensões complementares” relacionadas com o português: a ligação aos emigrantes, através do ensino de português no estrangeiro (EPE), o “principal traço de identidade e de ligação” entre os países que o têm como língua oficial e como um dos principais instrumentos da influência de Portugal a nível internacional.
Quanto ao ensino do português, destacou as três modalidades de intervenção desenvolvidas pelo Camões, I.P.: os cursos de português língua de herança tendo por público-alvo as comunidades e lusodescendentes, a formação dirigida aos países que têm o português como língua oficial e de escolarização e a internacionalização através do ensino do português língua estrangeira.
Augusto Santos Silva sublinhou que “não estamos a fazer progredir a presença do português como língua estrangeira nos currículos de diferentes países para substituir ou diminuir o ensino de português como língua de herança. Estamos a fazer as duas coisas ao mesmo tempo”.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros enfatizou ainda que o português é “um dos três pilares essenciais” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), salientando “o que circula através da língua: a cultura, a comunicação, a educação, a ciência, a economia, os negócios, a concertação política nas organizações internacionais”.
Augusto Santos Silva destacou ainda que o português “é um dos elementos, talvez o mais importante, da projeção internacional” de Portugal.
Na mesma sessão, a Presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., Ana Paula Laborinho, enalteceu o papel de “cada professor, cada leitor, cada coordenador, cada adjunto de coordenação” como embaixadores da língua e da cultura portuguesas.
Acrescentou que “assistimos a um significativo aumento do interesse pela língua portuguesa em várias regiões do mundo”.
A rede oficial de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário contam com 312 professores em 11 países (Espanha, Andorra, França, Reino Unido, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Suíça, África do Sul, Namíbia e Suazilândia) e o Camões apoia mais 650 docentes nos Estados Unidos, Canadá, Venezuela e Austrália, abrangendo cerca de 70 mil alunos.
A rede do Camões no ensino superior e organizações internacionais encontra-se em 78 países, estando a crescer a sua presença em África (21 países), América Latina e América do Norte (12), Ásia e Oceânia (14) e Europa (31), reunindo mais de 90 mil estudantes.
A ação de formação de 2017 teve como principal objetivo a reflexão sobre conceitos e práticas de ensino e aprendizagem do português em contextos multilingues, tendo em conta que esse é um dos principais desafios que se coloca aos nossos docentes na sua interação com os alunos. Trata-se de uma ocasião para partilha de experiências e mútuo conhecimento que permitirá valorizar o trabalho individual e construir redes cooperativas.