Uma viagem inspirada na cultura dos povos Tchokwe ou Tucokwe das Lundas, no nordeste de Angola, designadamente nos seus desenhos de areia denominados “sona”, é a proposta da exposição “Raízes”, do artista plástico angolano Paulo Amaral, a apresentar no Centro Cultural Português/Camões, IP de Luanda entre 3 e 12 de setembro de 2014.
A mostra é constituída por 18 obras em técnica mista de óleo, acrílico e colagens sobre tela, na sua grande maioria originais, que integram uma coleção mais vasta do artista, denominada “Simbologiando”, resultado de um trabalho de investigação sobre a cultura Tucokwe, alicerçado em visitas e estudo de obras de vários autores, designadamente de Mário Fontinha e José Redinha.
A exposição procura realçar a diversidade da cultura Tchokwe, em particular, alguns símbolos, que lhe são característicos. “Tento frasear com a cor e os traços o que por palavras não me expresso tão bem, buscando a expressividade ao máximo, tateando o mundo que me rodeia”, disse o artista plástico angolano.
O “sona” (que significa “letra” na língua tchokwe) era um jogo entre jovens e adultos, que terá sido o primeiro modo de escrita descoberto por aqueles povos. Só dominavam o “sona” as pessoas cultas, que reunissem experiência e conhecimento, segundo uma nota sobre a exposição.
Sobre Raízes, António Ole – um dos mais importantes artistas plásticos contemporâneos de Angola – afirmou que se percebeu “o esforço de Paulo Amaral em descodificar sinais vindos da tradição das inscrições enigmáticas que povoam as nossas grutas rupestres no Ebo e que são, por vezes, de uma tremenda modernidade”.
Paulo Amaral nasceu e estudou em Luanda. “Foi desenhador de projetos de arquitetura, e músico. Em 1988, descobriu o sentido das cores e iniciou o seu percurso como pintor, utilizando tinta-da-china sobre papel cavalinho, que marcou o seu traço particular, que perdura até aos dias de hoje”.