O mais recente romance do escritor angolano Manuel Rui vai ser lançado a 24 de maio de 2016, no auditório do Centro Cultural Português/Camões, I.P. em Luanda. Com a chancela da editora Mayamba, A Acácia e os Pássaros vai ser apresentado pelos professores universitários Conceição Lima e Joaquim Martinho.
No seu novo romance, o autor de Quem me dera ser onda (1982) tece, «com a sua habitual ironia, num estilo satírico, de rara beleza poética», a sua história em torno da figura de Januário, «orfão de nascença, que fazia mais de duas gerações, não provava uma côdea de pão(…)», «um ‘desaprendido da sorte’ que, em nome da dignidade, preferia morrer em jejum.»
Na nota de imprensa divulgada a propósito do lançamento, lê-se ainda que «talvez porque o início é triste, mas o fim feliz e talvez, também, porque a narrativa vai servir de guião para um filme, a contagem dos 80 capítulos que compõem a obra é feita do fim para o princípio».
Personagens diversas e multifacetadas vão desfilando ao longo da história: Basílio, o padeiro; Chicote, o segundo sargento; Aristófanes, o guarda prisional; Amaro, advogado, «preso por delito de opinião»; Flora, enfermeira-chefe; Vladimiro, filho de Flora, «ligado às novas redes sociais e apaixonado pelo cinema»; Diniz, diretor da cadeia; e «Cão Acácia, com o qual Januário fez amizade».
Nascido no Huambo, no Planalto Central, em 1941, Manuel Rui (Manuel Rui Alves Monteiro) licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, Portugal, onde exerceu advocacia e foi membro fundador do Centro de Estúdios Jurídicos, redator da Revista Vértice, coautor do suplemento Sintoma e sócio fundador da editora Centelha.
Figura destacada das artes e letras angolanas, manteve ao longo da sua vida uma estreita colaboração com diversos jornais e revistas, desde os tempos de Coimbra, no triângulo da Língua Portuguesa entre Angola (Jornal de Angola e Diário Luanda, entre outros), Portugal (Público e Jornal de Letras) e Brasil (Terceiro mundo).
Foi fundador das edições Mar Além, que editou a Revista de Cultura e Literatura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e fundador e subscritor da proclamação da União dos Escritores Angolanos (UEA), bem como da União dos Artistas e Compositores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos.
Ensaísta, cronista, dramaturgo e poeta, é autor do Hino Nacional de Angola e de letras de canções de Rui Mingas, André Mingas, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo (Portugal), Martinho da Vila e Cláudio Jorge (Brasil).
A sua vertente literária inclui uma vasta obra de textos de poesia e de ficção publicados desde 1967 até ao presente. É autor da primeira obra de poesia e de ficção publicados em Angola após a independência.
Entre a sua vasta obra, contam-se os romances Regresso Adiado (1973), Crónica de um Mujimbo (1982), Rio Seco (1997), Um Anel na Areia (2002), A Casa do Rio (2007), A Trança (2013), Duas Abelhas Amigas de um Girassol (2015) e a peça de teatro Os Meninos do Huambo (1985).
Foi galardoado com o Prémio Caminho das Estrelas em 1980, pela obra emblemática Quem me Dera Ser Onda, já adaptada ao teatro em vários países, designadamente Angola, Portugal, Moçambique e Cabo Verde.
Em 2003, renunciou ao Prémio Nacional de Cultura e Artes, na modalidade de Literaturas pelo conjunto da sua obra.
As suas obras estão traduzidas em umbundu, alemão, espanhol, hebraico, finlandês, italiano, servo-croata, sueco, russo e mandarim.