A Associação Moçambicana da Língua Portuguesa-AMOLP e o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua (CICL), com o apoio da MCEL, patrocinam a sessão de apresentação pública da obra A dimensão do desejo (precedido de Utopia até morrer ou Entre a esperança e o sentido – poemas de evocação a Reinaldo Ferreira),do poeta Virgílio de Lemos, no dia 6 de novembro de 2012, na Sala de Conferências do CICL, às 18 horas.
A obra será apresentada pela Profª Doutora Rita Chaves, professora titular e pesquisadora de Literaturas Africanas da Universidade de São Paulo (USP).
Natural da Ilha do Ibo (1929), Virgílio de Lemos desde muito cedo foi-se enriquecendo de culturas e estilos multifacetados que marcaram profundamente a emergência de uma das vozes referenciais da literatura moçambicana. Aliás o “criolismo”, por ele rebaptizado de “barroco estético”, é uma corrente na qual o próprio Virgílio se insere e onde caberiam moçambicanos oriundos do século XX. Estes intelectuais procuravam incessantemente uma identidade sempre em movimento, numa forma de antropofagia cultural baseada na mestiçagem.
Residente em Paris desde 1963, jornalista, Virgílio de Lemos tem colaboração dispersa na imprensa, quer em Moçambique quer no estrangeiro, e utilizou diferentes pseudónimos. Em 1952 foi o editor do caderno de poesia Msaho, juntamente com Reinaldo Ferreira e Domingos de Azevedo.
Virgílio de Lemos publicou o seu primeiro livro de poemas, Poemas do tempo presente, em 1960. Seguiram-se Object à trouver (1988), L’obscene penseé d’Alice (1989), L’aveugle et l’absurde (1990), Negra azul – Retratos antigos de Lourenço Marques de um poeta barroco, 1944-1963 (1999), Eroticus moçambicanus (1999), Ilha de Moçambique – A língua é o exílio do que sonhas (1999), Lisboa, oculto amor (2000), Para fazer um mar (2001), A invenção das ilhas (2009) e Meu mar te tochas líquidas, este último sob o heterónimo de Lee-Li Yang (2009). Entre as intervenções públicas e os ensaios, destacam-se o “Discurso de Berlim – Amor, irreverência e morte” (1964) e “Eroticus Mozambicanus” (1997), que pode ser considerado como o manifesto do “barroco estético”.