O Camões - Instituto da Cooperação e da Língua vai retomar o trabalho institucional com a Guiné-Bissau. Neste sentido, uma missão técnica com membros de diferentes ministérios do governo português esteve em Bissau durante três dias para auscultar as autoridades guineenses recém-eleitas e preparar planos de ação.
"Trabalharemos em duas etapas: um plano de ação a curto prazo, não superior a seis ou nove meses, e depois um plano estratégico de três anos, alinhado com as prioridades da Guiné-Bissau, mas em coordenação com outros parceiros multilaterais, incluindo a União Europeia", afirmou o vice-presidente do Camões, IP, Gonçalo Marques.
A base de qualquer projeto será "a formação: é o que define a cooperação portuguesa, é o seu cariz de capacitação institucional", sublinhou o mesmo responsável, em declarações à Agência Lusa em Bissau.
O cronograma do Camões, IP prevê a elaboração do plano de ação de curto prazo para apresentação e discussão com as autoridades guineenses na primeira semana de outubro.
As áreas de intervenção serão diversificadas ao longo de dois eixos: "boa governação, estado de direito, participação e democracia" por um lado e ainda "desenvolvimento humano e bens públicos globais" por outro.
Gonçalo Marques destaca "programas importantes, por exemplo, na área da justiça, que devemos retomar, assim como na administração interna". Mas o leque estende-se à educação, saúde, desenvolvimento rural e segurança alimentar e mesmo "setores transversais como a energia e água".
A forma de execução dependerá das "atuais restrições orçamentais da cooperação portuguesa", alertou. "Numa primeira fase queremos manter níveis anteriores ao golpe [de Estado na Guiné-Bissau] de abril de 2012", indicou, apontando como objetivo "alavancar através de outras áreas" os recursos públicos disponíveis.
Gonçalo Marques dá prioridade à "eficácia da cooperação". "Nem sempre muito dinheiro significa melhor cooperação. Portugal pode apoiar a Guiné-Bissau através de várias formas: assistências técnicas, técnicos portugueses altamente especializados nas suas áreas de competência e isso não implica grandes custos", referiu.
Apesar de Portugal não ter reconhecido as autoridades de transição guineenses que conduziram o país nos últimos dois anos, o Estado português "nunca abandonou a Guiné-Bissau, pelo contrário", destacou Gonçalo Marques.
"O investimento que fizemos até foi superior, a abordagem é que foi diferente. Utilizámos órgãos da sociedade civil portugueses com elevada capacidade técnica e experiência" em setores como a educação, saúde, abastecimento de água e energia para responder "às populações mais vulneráveis e desfavorecidas".
O caso da educação é apontado como "um bom exemplo", através da presença da Fundação Fé e Cooperação (FEC) em cinco regiões guineenses com 33 professores que "trabalham lado-a-lado na formação de formadores guineenses", que já abrangeu 180 participantes em diferentes níveis de ensino, concluiu.
Fonte: Agência Lusa