O português é muito mais que "uma língua de literatura e de poetas como se acredita na Europa", afirma o presidente do Instituto Camões, Luís Faro Ramos, que, numa entrevista com a Efe, aponta a Ibero-América como o mercado de maior crescimento potencial para este idioma.
A Ibero-América é essencial para conseguir a meta do Governo luso de conseguir que 40 países integrem o português nos currículos escolares, explica o diplomata lisboeta, que em novembro cumpriu um ano à frente do Camões, a instituição que vela pela difusão do idioma português e da sua cultura em todo o mundo.
Um objetivo, assegura, que não é impossível de conseguir dado que atualmente são 21 os países onde se ensina este idioma em escolas -o que representa mais de 200.000 alunos-, mas que em 2017 eram só 15, pelo que em "quatro ou cinco anos" se pode chegar aos 30.
Nesta expansão inclui-se a estreita cooperação com Espanha, nutrida com a recente assinatura de um novo acordo assinado com o Governo regional de Castela e Leão (centro) no marco da trigésima cimeira luso-espanhola, realizada no passado 21 de novembro na cidade de Valladolid.
Uma aliança, ressalta Ramos, que permite que o instituto tenha acordos com todas as regiões fronteiriças com Portugal (Andaluzia, Castela e Leão, Extremadura e Galiza) para ensinar português nas escolas ao nível de primária e secundária.
Além disso, o Camões acaba de fechar, junto com as autoridades brasileiras, um acordo em Nova Iorque para que se ensine português na escola das Nações Unidas e mantém acordos na América com a Argentina, Uruguai, Venezuela, Canadá e Estados Unidos.
Simultaneamente, avança em negociações com vários países latino-americanos para ampliar a sua presença na região, especialmente no Brasil, o gigante sul-americano, com mais de 200 milhões de habitantes.
A colaboração com o Brasil irá permitir o desenvolvimento de projetos conjuntos ou nacionais para o avanço do português noutras regiões, aponta Ramos.
Fora do mercado americano, ressalta o diplomata à Efe, a instituição trabalha para entrar na África do Sul e irá lançar em 2019 um projeto piloto de ensino do idioma na Turquia.
Outra das suas prioridades é o crescimento do português em África, tanto nas zonas onde este idioma é a primeira ou segunda língua como em países nos quais se ensina a nível não superior: Namíbia, Senegal e Tunísia, aos quais a Argélia se vai juntar em breve.
Nesta linha, considera que Angola e Moçambique serão chave para que se cumpram as previsões das Nações Unidas, segundo as quais mais de 500 milhões de pessoas falarão português no final deste século, frente aos 260 milhões atuais.
Ramos destaca o fato de ser o primeiro diplomata a presidir o Camões porque, diz, significa que a língua e a cultura estão dentro das prioridades da política externa do Governo português.
O Instituto Camões é um projeto com continuidade ao qual "as mudanças de Governo não afetam", conclui.
Agencia EFE - Pedro Talet Cara