O encenador Joaquim Benite (1943 – 2012), que ficará para a história como o fundador de uma das maiores companhias teatrais do país e de um dos mais importantes festivais de teatro da Europa, em Almada, morreu aos 69 anos.
Criou, em 1984, e dirigiu sempre o Festival de Almada, um certame de teatro internacional que se tornou o maior acontecimento teatral realizado em Portugal, pela qualidade e quantidade de espetáculos de teatro de companhias nacionais e estrangeiras que todos os anos nele se apresentam.
Em 1987, inaugurou, com a peça de García Lorca "Dona Rosinha, a Solteira", o Teatro Municipal de Almada (desde 2005 instalado no Teatro Azul, edifício da autoria dos arquitetos Manuel Graça Dias, Egas José Vieira e Gonçalo Afonso Dias, que é, a seguir ao Centro Cultural de Belém, a segunda maior sala do país).
Várias encenações suas receberam prémios da crítica e outros e ele próprio foi distinguido com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural do Concelho de Almada e a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, além de ter sido condecorado pelo Governo francês com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e pelo rei de Espanha com a comenda da Ordem de Mérito Civil.
Ao longo de 40 anos de carreira, Benite encenou textos de Molière, Brecht, Lorca, Pushkin, Beckett, Shakespeare, Gogol, Eugene O'Neill, Mikhail Bulgakov, Camus, Edward Albee, Thomas Bernard, Pablo Neruda, Peter Shaffer, Nick Dear, Victor Haim, Sanchis Sinisterra, Marguerite Duras e Antonio Skármeta, entre outros.
Deu igualmente a conhecer, em estreia, autores portugueses como José Saramago, Virgílio Martinho, Fonseca e Lobo e, mais recentemente, Rodrigo Francisco, além de ter também encenado textos de outros autores nacionais, como António José da Silva e Almeida Garrett.
É autor de diversos textos para teatro, bem como de conferências e ensaios e lecionou muitos cursos de teatro. Dirigiu, até morrer, a revista de teatro Cadernos e a coleção de "Textos d'Almada".
(Com LUSA)