O Governo de Portugal sublinhou no dia 28 de junho de 2016 a importância de valorizar as comunidades lusófonas em países onde o português não é língua oficial, considerando que todas as variedades do idioma têm “igual valor”.
Numa mensagem que enviou à primeira conferência das comunidades luso-asiáticas, que começou no dia 28 de junho, em Malaca, na Malásia, o Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Augusto Santos Silva, considerou que “por estarmos profundamente convencidos da relevância deste património global apoiámos na nova visão estratégica [da Comunidade de Países de Língua Portuguesa – CPLP] a valorização das comunidades lusófonas em países terceiros, tanto as resultantes de diásporas oriundas do espaço da CPLP, como as comunidades noutros países ou regiões que preservam a influência da língua portuguesa e partilham laços connosco”.
No entender do chefe da diplomacia portuguesa, “reunir em Malaca as comunidades luso-asiáticas” é “uma decisão que vem ao encontro desta nova visão”.
Na mensagem que enviou aos participantes da conferência e que foi lida pelo embaixador português na Tailândia e designado para a Malásia, Francisco Vaz Patto, o Ministro português dos Negócios Estrangeiros disse estar certo de que iniciativas como esta permitirão potenciar a promoção da nossa língua comum, em todas as suas variedades, tidas de igual valor.
Augusto Santos Silva lembrou que a CPLP cumpre 20 anos em 2016 e “tem vindo a desenhar uma nova visão estratégica”, pensando nas transformações ocorridas nos últimos anos e com o objetivo de adotar “os meios necessários para melhor enfrentar os desafios comuns”.
Acrescentou que “neste exercício, Portugal tem procurado vincar a importância de se abrir a CPLP ao exterior. O facto de partilharmos a mesma língua entre 261 milhões de falantes em todo o mundo situa-nos num contexto vivo e dinâmico que constitui a maior riqueza e a maior força da organização”.
O ministro destacou ainda “a relevância da participação, pela parte portuguesa” de dois embaixadores nesta conferência, “prova da importância que o MNE e o Governo português concedem a esta iniciativa”.
O presidente conferência, Joseph Sta Maria, desafiou a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) a pensar no legado cultural português noutros países como uma oportunidade de investimento. Propôs à CPLP que desenvolva projetos de recuperação do património português e ligados ao turismo em países que preservam traços culturais ligados à herança portuguesa, deixada por toda a Ásia durante a expansão marítima dos séculos XV e XVI.
A primeira conferência das comunidades luso-asiáticas decorre em Malaca, no “Portuguese Settlement”, um bairro onde vive uma comunidade católica, “os portugueses de Malaca”, que mantém tradições de inspiração portuguesa e fala um crioulo que mistura o português antigo com palavras malaias.
São comunidades deste tipo, que estão espalhadas pela Ásia, que os organizadores da conferência dizem ser importante salvar. O objetivo da conferência é unir esforços e sensibilizar a CPLP, e em especial Portugal, para esta questão.
O ex-Presidente, ex-primeiro-ministro e atual ministro timorense Xanana Gusmão, presente na conferência, propôs, em declarações aos jornalistas, que estas comunidades sejam convidadas a participar na próxima conferência da CPLP sobre o futuro da língua portuguesa.
Lusa