Morreu Agustina Bessa-Luís

Publicado em segunda-feira, 03 junho 2019 14:26

A escritora Agustina Bessa-Luís morreu no dia 3 de junho de 2019, no Porto, aos 96 anos, disse à Lusa fonte da família.

Nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís saltou para a ribalta literária em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, que constam de uma lista de galardões que inclui o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e que voltou a receber em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975 e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço afirmou que é "incomparável" e é a "grande senhora das letras portuguesas", em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do Prémio Eduardo Lourenço à autora, há pouco mais de três anos.

Agustina recebeu ainda os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, e o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, em 2005.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: “É uma confissão espontânea que coloco no papel”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da escritora Agustina Bessa-Luís, reconhecendo o seu génio, a sua criação e expressando as mais sentidas condolências aos seus familiares.

Numa nota publicada do sítio da Presidência da República, na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “há personalidades que nenhumas palavras podem descrever no que foram e no que significaram para todos nós”, referindo-se à escritora, que morreu hoje, aos 96 anos.

Para o Presidente da República, Agustina Bessa-Luís evidenciou-se “como criadora, como cidadã, como retrato da força telúrica de um povo e da profunda ligação” entre as raízes dos portugueses e “os tempos presentes e vindouros”.

Na nota, Marcelo Rebelo de Sousa “curva-se perante o seu génio”.

A cerimónia fúnebre da escritora Agustina Bessa-Luís decorrerá na terça-feira, dia 4 de junho, na Sé Catedral do Porto, seguindo depois para o cemitério do Peso da Régua, Vila Real, revelou a direção do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.

Em comunicado, a direção explica que o corpo da escritora ficará em câmara ardente na Sé Catedral do Porto, a partir das 10h30 de terça-feira. Às 16h00 "serão celebradas exéquias solenes", presididas pelo bispo do Porto.

"Finda a cerimónia religiosa, o corpo seguirá para o Cemitério do Peso da Régua, onde será sepultado na intimidade da família", refere o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís.

O Governo decretou para terça-feira, 4 de junho, um dia de luto nacional pela morte da escritora.

O Camões, I.P. tem disponíveis várias obras integrais de Agustina Bessa Luís, na sua biblioteca digital, o Centro Virtual Camões: http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/explorar-por-autor.html?aut=1491

Lusa