Morreu Vasco Graça Moura, “figura fundamental da cultura portuguesa”

Publicado em segunda-feira, 28 abril 2014 09:48

A presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, lamenta a morte de Vasco Graça Moura e realça a sua importância na cultura portuguesa, da edição de clássicos, à tradução de grandes poetas e à dimensão de escritor, poeta e romancista.

 

"Uma grande perda, um grande homem e ficamos todos de luto", disse à agência Lusa Ana Paula Laborinho, acrescentando que "era, de facto, uma figura fundamental da cultura portuguesa, mais recentemente à frente do Centro Cultural de Belém, também aí procurando imprimir essa orientação" no sentido da sua valorização.

O escritor e tradutor Vasco Graça Moura, de 72 anos, presidente do Centro Cultural de Belém desde janeiro de 2012, morreu ao fim da manhã de domingo do dia 27 de abril de 2014, em Lisboa, devido a doença prolongada.

Ana Paula Laborinho fez questão de salientar a dimensão do autor como escritor, poeta, romancista, mas, "em primeiro lugar, a sua relação com a poesia".

Vasco Graça Moura "teve uma enorme importância em diversas dimensões e, em primeiro lugar, não posso esquecer o que fez à frente da Imprensa Nacional Casa da Moeda, editando muitos dos clássicos, criando e recriando uma tradição de conhecimento que estava perdida", referiu a presidente do Instituto Camões da Cooperação e da Língua.

Realçou também o papel de Vasco Graça Moura como tradutor, "porque só um grande poeta pode traduzir grandes poetas, e ele traduziu grandes clássicos, e a extraordinária qualidade dessas traduções só pôde existir porque ele também era um grande poeta".

Poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, cronista e tradutor de clássicos, Vasco Graça Moura estreou-se nas letras com "Modo mudando", em 1962. Publicou, entre outros, "A sombra das figuras" (1985), "A furiosa paixão pelo tangível" (1987), "Testamento de VGM" (2001) e "Os nossos tristes assuntos" (2006). Reuniu a “Poesia toda” em dois volumes, num total de mais de mil páginas, em 2012.

Recebeu o Prémio Pessoa e o Prémio Vergílio Ferreira, os prémios de Poesia do PEN Clube Português e da Associação Portuguesa de Escritores, que também lhe atribuiu o Grande Prémio de Romance e Novela, entre outras distinções. Em janeiro, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada.

Foi diretor do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, diretor da Fundação Casa de Mateus, presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.

Em janeiro de 2012, substituiu António Mega Ferreira na presidência da Fundação Centro Cultural de Belém.

Era uma das vozes mais críticas do acordo ortográfico, do qual reclamou a revisão, numa intervenção no Porto, em maio de 2012, porque entendia que provoca "graves lesões da pronúncia de muitas palavras" e em "nada contribuir para a unidade da ortografia" da língua portuguesa.

Na homenagem que a Fundação Gulbenkian lhe dedicou, não hesitou em afirmar: "A poesia é a minha forma verbal de estar no mundo".

Camões, IP com agência LUSA