A escritora, poetisa e jornalista moçambicana Noémia de Sousa, falecida em 2002, aos 76 anos, foi alvo na semana passada de uma homenagem em Maputo, promovida pela associação ‘Arrabenta Xithokozelo’ com o apoio do Camões, IP.
A homenagem compreendeu uma conferência, que teve como palco as instalações do Centro Cultural Português/Camões, IP em Maputo, subordinada ao tema Influências da Poesia de Noémia de Sousa na literatura moçambicana, tendo sido oradores o professor universitário Francisco Noa, o escritor Nelson Saute e o poeta Eduardo White.
No Teatro Avenida, em Maputo, decorreu na mesma semana um espetáculo de poesia e música, intitulado Sangue Negro - do título da coletânea da sua obra dispersa escrita entre 1949 e 1951, publicada em 2001, por iniciativa da Associação dos Escritores Moçambicanos.
A coletânea foi reeditada em 2011, novamente em Moçambique, aumentada com três poemas e dois textos sobre a obra da escritora, redigidos pelos especialistas moçambicanos de literatura Francisco Noa e Fátima Mendonça.
A ‘Arrabenta Xithokozelo’ que promoveu a homenagem é uma associação sem fins lucrativos, existente desde 2004, focada «na área cultural; na qual desenvolve trabalhos de promoção, divulgação e debate, com vista a difusão e aprimoramento de conhecimentos relativo às artes e cultura, bem como instigar o conhecimento e reconhecimento dos diversos atores culturais».
A iniciativa de homenagem àquela que os media moçambicanos designam como «mãe dos poetas moçambicanos», enquadrou-se no programa ‘Cesta de Poesia’, que a agremiação tem realizado ao longo dos últimos seis anos.
Segundo a Wikipedia, Noémia de Sousa começou por publicar no jornal ‘O Brado Africano’, de Lourenço Marques, mas a sua obra está dispersa por muitos jornais e revistas.
«Toda a sua produção é marcada pela presença constante das raízes profundamente africanas, abrindo os caminhos da exaltação da Mãe-África, da glorificação dos valores africanos, do protesto e da denúncia», escreve-se na nota biográfica publicada na Infopédia
Entre 1951 e 1964 vive em Lisboa, onde trabalha como tradutora, mas, em consequência da sua posição política de oposição ao Estado Novo, tem de exilar-se em Paris.
Como jornalista de agências de notícias internacionais, viajou por toda a África durante as lutas pela independência de vários países. Em 1975 regressou a Lisboa, onde trabalhou na ANOP e na sua sucessora, Lusa.
A sua poesia está representada na antologia de poesia moçambicana Nunca mais é Sábado, organizada por Nelson Saúte.