O escultor Rui Chafes é o vencedor do Prémio Pessoa nesta sua 29.ª edição, que coincide com os 80 anos da morte de Fernando Pessoa. Chafes é o primeiro artista plástico a receber o prémio desde 1990, quando foi atribuído à pintora Menez (1926-1995).
Conhecido pela leveza dos seus trabalhos em ferro, o seu material de eleição, Rui Chafes nasceu em 1966 em Lisboa, formou-se em Escultura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1989, e frequentou depois a Kunstakademie de Düsseldorf, na Alemanha, mas expõe individualmente desde 1986.
A escolha de Chafes foi anunciada no dia 11 de dezembro de 2015, no palácio de Seteais, pelo proprietário do semanário Expresso, Francisco Pinto Balsemão, a quem coube ler a declaração do júri, que considerou que Rui Chafes é um artista que "consegue o feito raro de produzir uma obra simultaneamente sem tempo e do seu tempo", considerou o júri.
Com uma dotação monetária de 60 mil euros, o prémio é atribuído pelo Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e distingue anualmente uma pessoa de nacionalidade portuguesa com "intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país".
Colaborador habitual de poetas, tendo publicado obras com João Miguel Fernandes Jorge ou Nuno Júdice, o escultor tem no Romantismo alemão uma das suas referências culturais, tendo mesmo traduzido osFragmentosde Novalis durante a sua estadia na Alemanha, no início dos anos 90.
As primeiras exposições de Rui CHafes, em 1986 e 1987, lembrou o júri do Prémio Pessoa, "são marcadas pela criação de instalações com materiais precários, que, de pronto, foram substituídos por ferro pintado de preto, um meio mais eficaz de ocupar e desenhar o espaço, que subverte as condicionantes normais do museu e da galeria, como se viu na sua exposiçãoO Peso do Paraíso, do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2014".
O júri desta 29.ª edição foi presidido por Francisco Pinto Balsemão e integrou Álvaro Nascimento, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
A declaração do júri sublinha ainda que Rui Chafes "tem realizado importantes trabalhos em colaboração com artistas de outras disciplinas, de que são exemplo Comer o Coração, com a bailarina e coreógrafa Vera Mantero (Bienal de São Paulo, 2004) ou Fora/Out, com o cineasta Pedro Costa (Serralves, 2005/2006)".
Com Público, Expresso e Lusa