‘Sketching Alentejo’ é o título da exposição de desenhos de Luís Ançã que poderá ser vista entre 29 de março e 19 de abril no Centro Cultural Português/Instituto Camões do Luxemburgo.
O trabalho de Luís Ançã (n. 1955) insere-se no movimento internacional dos urban sketchers, cujas obras são muitas vezes referidas em português como ‘diários gráficos’, o que no caso da exposição do artista plástico português se parece aplicar com mais propriedade, porque os desenhos em exibição não mostram as imagens que habitualmente associamos a meios urbanos, mas os ambientes rurais que caraterizam o Alentejo profundo.
Ançã faz parte dos Urban Sketchers Portugal, um coletivo de autores portugueses, que se descreve a si próprio como desenhando «em diários gráficos as cidades onde vivem, os sítios por onde viajam», em sintonia com os mandamentos (oito, ao todo) dos urban sketchers transcrito no sítio do coletivo, que manda desenhar «in situ, no interior e no exterior, registando diretamente» o que observam e ser fiel às cenas presenciadas, independentemente da técnica e do estilo individual. Daí o caráter de «instantâneo desenhado» às obras dos urban sketchers, a que não fogem os desenhos deste Professor de Educação Visual/ Artes Visuais desde 1978.
O artista plástico, com uma licenciatura em Artes Plásticas/Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1980, colabora desde 2009 com os Urban Sketchers Portugal, tendo participado nas exposições coletivas de Lagos (2009), Torres Vedras (2010), Almada (2011) Lisboa (2011) e na do II International Urban Sketching Symposium (2011), na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Num texto de Ana Paula Amendoeira, Presidente da Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), inserido no catálogo da exposição, afirma-se que nos desenhos de Luís Ançã, que diz serem «pequenas crónicas (visuais)», está «tudo o que é essencial no Alentejo», as cidades, as praças, as pedras megalíticas, os mercados, as ermidas, a matança do porco e «a terra de largos horizontes», em consonância com a «grandeza do Alentejo», que só tem paralelo em Portugal com Trás-Os-Montes no dizer de Miguel Torga, citado pela autora.
«Luís Ançã apresenta-nos estes trabalhos sob um título onde vislumbramos imediatamente um Gerúndio, o tempo do Alentejo por excelência! Ir fazendo, algo que se inscreve numa cadência que permite a observação, olhar e ver. Desenhando o Alentejo…olhando e vendo momentos é o que esta exposição nos transmite num trilho aparentemente espontâneo», considera Ana Paula Amendoeira.
E prossegue: «São desenhos, feitos com tempo, por quem sabe que tem tempo, por quem sabe o que é ter tempo para usufruir dos momentos, nos lugares, do princípio ao fim. Há lá crónica mais alentejana do que esta e domínio mais perfeito de uma desconcertante linguagem ao mesmo tempo imediata e demorada, impressionista e fiel, esquemática e reveladora? O resultado? Excelente!», conclui Amendoeira.