O concurso "Minha Querida Língua Portuguesa...", dinamizado pelo Centro Cultural Português – polo da Beira, no âmbito do Dia da Língua Portuguesa e das Culturas da CPLP, apresenta agora os textos dos três finalistas - Swith Chissada (1.º prémio), Ivanízio Hussene (2.º prémio), Ângela Jofrisse (3.º prémio) – todos elesestudantes do Curso de Português da Universidade Pedagógica de Moçambique (delegação da Beira).
1º prémio - Ao amor de mim: Língua Portuguesa
Batem-me os ventos deste lado da vida com sabores dos teus sons, movidos pelos sopros da minha imaginação. Levanto e ando assim-assim, resignando-me a amar as mudanças que ocorrem em ti. Embora resignado, não me sinto frustrado.
E entre eu e os velhos papéis rabiscados, descubro declarações de amores que outrora já tive, menos do que tenho por ti, Língua Portuguesa.
E é por isso! E é por isso que escrevo a ti, amor de mim, a estas horas em que os pássaros começam a chilrear, trazendo para dentro deste lugar, um cantar onomatopaico. E ainda me trazem esta vontade insaciável de sempre te amar e amar. Amar!! Não como o verbo" amar" significa, mas como eu quero significar.
Oh! Minha companheira, amiga e professora foste e continuas a ser tu. Só tu...Sempre presente, desde a infância minha até hoje, o presente. Neste percurso, ensinaste-me que o amor por ti deve ter como pilares׃ a insatisfação e a força de aprender mais. Por conseguinte, tornaste-me num insatisfeito. Sou isso porque te amo e aprendo mais.
Quero que saibas que nem o que agora escrevo, nem o que hei-de escrever para ti, satisfaz a dimensão do que existe no meu interior. No meu interior vivem palavras infindáveis e adjectivadas do meu amor por ti, LínguaPortuguesa!
Swith Chissada (estudante do 3º ano)
2º prémio - Carta de "declaração de afecto, respeito e admiração à Língua Portuguesa"
Idolatrada Língua Portuguesa, sem dúvidas não conseguirei neste pedaço de papel chegar ao auge da tua abrangência neste enorme planeta. A cada dia estendes-te atravessando charcos, mares, oceanos, escancarando passagens de níveis, barreiras regionais e limites fronteiriços, conquistando corações tanto os sensíveis, como os insensíveis, procurando-te identificar como alguém que existe e precisa de ser conhecido, compreendido e respeitado, procurando a tua presença notável, como língua.
Não tenho sido e nem penso ser ignoto quando me surge uma ínfima oportunidade para exaltar a tua benevolência, para mostrar o quão te admiro, te venero, pela tua capacidade de atracção e captação, de unir pedaços de terras e de raças e de deixar marcas indeléveis por onde passas.
Tens passado como se de um trovão se tratasse e tens-te alojado de "mala e cuia" sem pedir licença, por vezes respeitosa ou desrespeitosamente, nalgumas situações consciente e noutras inconsciente acabando por criar laços profundos e eternos para o resto da vida daqueles com quem te encontras.
Minha querida, tu me acompanhas nesta enorme caminhada rumo a "nirvanna" desde os primeiros segundos da minha existência, nasci pela e da língua, e tenho sido o teu fiel seguidor fazendo de ti a minha principal companheira. Afirmo que, nos teus momentos de felicidade e tristeza, de exuberância e depressão, tenho feito de ti uma parte imutável de mim e tenho a absoluta certeza de que tens feito tudo isso e muito mais comigo e assim tenciono que continues fazendo.
Tenciono que continues a seguir os meus rastos, os meus desejos, os meus anseios, e, consequentemente, as minhas conquistas, espalhando a tua afabilidade e a tua sensualidade. Entretanto, tens demonstrado o teu carácter peculiar que encanta todo e qualquer ser humano que contigo se cruza ou se encontra, despertando-lhe o desejo e a vontade de te conhecer, te dominar e naturalmente te amar, fazendo de ti, posteriormente, um pedaço inseparável do seu "ser".
Meu bem, eu confesso com estas humildes e breves palavras, amo-te "portuguesmente"...
Ivanízio Hussene (estudante do 3º ano)
3º prémio - Língua Portuguesa
Tu és...
A única que encarna nas nossas almas,
Que nos faz conviver com alegria,
Que sempre esteve presente nas nossas vidas.
Tu és...
A que de muito longe surgiu,
Muito nova fez grandes e maravilhosas artes,
A que nos fornece sabedoria e qualidades.
Língua Portuguesa, mãe forte e batalhadora:
Sozinha consegues unir o Mundo todo,
Sozinha criaste a tua família,
Sozinha sustentas os teus filhos...
Oh! Tantos anos de existências
Celebrados com muita glória e euforia!
Diante de ti, todas as maléficas fraquezas se curvam.
Pouco a pouco conquistaste o respeito e a admiração
Do teu povo, da tua família, do teu Reino.
Fracassar? Tu nunca conheceste esta palavra,
Sempre evoluirás, com garra e bravura.
Nós continuaremos sempre do teu lado,
Participando em cada momento da tua vida,
Valorizando cada passo que deres.
Nós somos teus amantes
E estaremos sempre contigo.
Ângela Jofrisse (estudante do 1º ano)
Nota: os textos dos estudantes estão escritos segundo o antigo Acordo Ortográfico, pois, em Moçambique, o novo ainda não está em vigor (apesar de ter sido recentemente ratificado pelo Governo).